Muitas pessoas acreditam que o tempo cura tudo.
Mas quem trabalha com a mente humana sabe: o tempo não cura traumas — apenas os silencia por um tempo.
O trauma não se apaga com o passar dos anos. Ele permanece ativo no corpo e na mente, influenciando emoções, comportamentos e escolhas, mesmo quando a consciência já esqueceu os fatos.
O que é, de fato, um trauma psicológico?
Trauma não é apenas o evento em si, mas o impacto emocional e fisiológico que ele causa.
Duas pessoas podem viver uma mesma situação — uma se recupera naturalmente, outra permanece presa à experiência, reagindo a lembranças, sons ou sensações como se o perigo ainda existisse.
Isso acontece porque o trauma não é armazenado como uma lembrança comum.
Ele fica registrado no sistema nervoso, em forma de hiperalerta, congelamento ou respostas automáticas de defesa. O corpo “lembra” mesmo quando a mente tenta seguir adiante.
- ansiedade sem causa aparente;
- dificuldade de confiar;
- sensação de estar sempre em alerta;
- distúrbios do sono;
- irritabilidade, culpa ou vergonha persistente;
- baixa autoestima e medo de se expor emocionalmente.
Muitas vezes, o trauma não se mostra como lembrança dolorosa, mas como padrões repetitivos: relacionamentos que reencenam abandono, medo de intimidade, necessidade de controle, autossabotagem. Esses comportamentos são tentativas inconscientes do cérebro de encontrar uma forma de reparar o que ficou em aberto.
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): auxilia na reestruturação de pensamentos disfuncionais e no enfrentamento de crenças limitantes.
- EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares): método reconhecido pela Organização Mundial da Saúde, que atua diretamente no processamento das memórias traumáticas, permitindo que o sistema nervoso finalize o ciclo de defesa e retorne ao equilíbrio.
O trauma não tratado não desaparece. Ele se reorganiza em sintomas, atitudes e repetições.
A cura não vem do esquecimento, mas do processamento seguro e gradual da dor, com suporte profissional adequado.
O objetivo não é reviver o sofrimento, e sim integrar o que aconteceu — de modo que a experiência deixe de controlar a vida atual.
Psicóloga Suleima Penz
CRP 07/14771