Terapia especializada para o desenvolvimento da autonomia, autoestima e funcionalidade
Adolescentes e adultos com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) nos níveis 1 e 2 frequentemente apresentam um perfil clínico paradoxal: talentos acima da média coexistem com dificuldades importantes na vida prática, relacional e emocional.
São pessoas que, muitas vezes, possuem alta capacidade intelectual, hiperfoco em áreas de interesse e pensamento analítico apurado — mas que também enfrentam entraves no cotidiano, como:
- Dificuldade para iniciar ou manter conversas
- Desorganização na rotina de estudos ou trabalho
- Resistência a mudanças ou a tarefas não previsíveis
- Sensibilidade aumentada a estímulos sensoriais
- Dificuldade em reconhecer e expressar emoções
- Baixa tolerância à frustração
- Déficits no autocuidado (alimentação, higiene, vestuário)
Além das características neurobiológicas, o impacto ambiental é expressivo. São pacientes que, ao longo da vida, colecionaram experiências de exclusão, bullying, inadequação social e tentativas frustradas de adaptação — o que muitas vezes leva à retração, baixa autoestima, depressão ou ansiedade associadas.
Diferentemente de abordagens genéricas, o trabalho psicoterapêutico com esse perfil exige conhecimento técnico especializado, sensibilidade clínica e estratégias terapêuticas personalizadas.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): estruturando a vida prática
A TCC é uma abordagem fundamentada em evidências que oferece ferramentas objetivas para lidar com os desafios do cotidiano. No contexto do TEA nível 1 e 2, a TCC auxilia o paciente a:
- Desenvolver habilidades sociais por meio de treino e experimentações controladas
- Identificar e reestruturar pensamentos autodepreciativos
- Criar rotinas estruturadas e funcionais para estudo, trabalho e autocuidado
- Reduzir comportamentos de evitação e procrastinação
- Melhorar a regulação emocional e o repertório de enfrentamento
O trabalho é feito de forma colaborativa, respeitando o ritmo do paciente e suas demandas mais imediatas, sempre com foco em metas claras e acompanhadas.
EMDR: integrando experiências traumáticas e restaurando a autoestima
O EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares) é uma abordagem eficaz para o tratamento de traumas, especialmente os chamados “traumas acumulativos”, muito presentes em pacientes neurodivergentes. Situações como:
- Rejeições sociais repetidas
- Vergonhas públicas na infância ou adolescência
- Falas desqualificadoras de professores ou familiares
- Incapacidade de se encaixar em padrões impostos
- Diagnósticos tardios vividos com frustração ou revolta
O EMDR permite o reprocessamento dessas memórias, diminuindo sua carga emocional negativa e facilitando a reconstrução de uma autoimagem mais realista e fortalecida.
Um plano terapêutico integrativo, focado na singularidade
A combinação entre TCC e EMDR permite um acompanhamento psicoterapêutico abrangente, que atua tanto no comportamento atual quanto na história emocional do paciente. Ao integrar essas abordagens, é possível:
- Fortalecer a autonomia e a independência funcional
- Reduzir bloqueios internos ligados à autoimagem
- Melhorar o desempenho acadêmico, profissional e relacional
- Estimular o uso saudável do hiperfoco e das potencialidades
- Ampliar o senso de pertencimento e identidade
Ao longo dos últimos anos, tenho atendido adolescentes e adultos com diagnóstico de TEA que, por vezes, já haviam passado por outras formas de acompanhamento sem resultados satisfatórios.
Meu compromisso é oferecer um espaço seguro, ético e fundamentado, onde o paciente possa se desenvolver com dignidade — respeitando sua neurologia, seus tempos e seus modos de existir no mundo.